
Fiz do papel, a morfina
da caneta, a seringa
de sua ponteira a agulha
sua tinta, em letras, meu alívio
é aqui que eu despejo
meus desejos e medos
do âmago e da capa
do segredo e do explícito
e as vezes manifestações desconhecidas,
uma coisa, indefinita
que arde, queima e consome
meus dias, minhas horas
e que nesta folha papel
provoca o sofrimento
ao sentir a fina e negra ponteira
em sua alva e vasta face
a dor passa devagar...
e o alívio finda ligeiro
minha vida inteira transcorre em tinta preta
toma formas, vira frases,versos;
mas também escrevo em corações, com letras douradas, e versos de amor.

Um comentário:
Uma metalinguagem comovente. Lindo, lindo, lindo! *------------*
Postar um comentário