
Em uma sala de entrevista, diante de certezas e incertezas, tive a oportunidade
de refletir ao ouvir a frase: "Você não é tão velho, e também não é mais tão
jovem, derrepente você faz trinta anos sem perceber".
Vi minha vida passar
em alta velocidade através dos vidros espelhados do complexo, ela estava indo
desenfreada pelas ruas, sobrevoando o mar e cortando as nuvens, sem ao menos
olhar de relance, acenei pra ela e foi como estar na estrada no meio de uma
noite chuvosa, diante de uma motocicleta em alta velocidade e dizer: Para moto!
Ou seja, não teve valia.
Ali perdi meu foco momentâneo, e mergulhei num
emaranhado de pensamentos, circundado por um turbilhão de dúvidas, que as
respostas eu buscava sem ao menos saber por onde começar a procurar. Os
entrevistadores me olhavam, faziam perguntas, e eu respondia de forma mecânica,
automática, da mesma forma que eu faço quando acordo, vou tomar banho, me
alimento quando tenho vontade, abro a garagem, checo o cinto de segurança, olho
o poste, sigo sempre pela direita, enfim uma cadeia de processos que me seguem
até eu me deitar, quase que involuntários. Sigo uma programação diária, semanal,
mensal, anual, vi que anos vão passando e me senti parado, ali, naquele lugar,
naquele momento. Enquanto minha vida corre diante de mim, vi que estou ficando
pra trás, será que alguma coisa, ou alguém poderá me ajudar a engatar a marcha
lenta na minha vida? Ou terei de fazer isso sozinho? Será que issu é mais uma
frustração ariana? Será?
Meu maior medo, é que além de correr tão depressa,
ela possa ir embora de vez, sem ao menos se despedir.
Vida, volta pra mim!
2 comentários:
"será que alguma coisa, ou alguém poderá me ajudar a engatar a marcha
lenta na minha vida?"
Acredito que todos nós tempos alguma coisa ou alguém que para nosso tempo. Alguma coisa que nos faça repousar desfrutando do sono dos inocentes que não precisam de se preocupar com a passagem do tempo. Porque a vida talvez seja bem mais que uma sucessão interminável de repetições... a vida é todo o contexto, a trajetória, as experiências, as modificações que vivenciamos constantemente. Talvez viver seja praticar diariamente ações que nos fazem felizes... E o proço que se paga por essa felicidade talvez seja a rapidez com que ela vai embora...
E o pior de tudo é que mesmo ciente de toda essa fugacidade vital, vivemos pouco. Vivemos muito pouco. [Paradoxo!]
Adoro esses seus textos reflexivos! ^^
Tomara que um dia eu e você possamos desenvolver uma dialética deleitosa refletindo sobre coisas assim... :)
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